Educação

Escolher um sistema de ensino não é tarefa fácil. Isso porque a formação de um indivíduo, em grande parte, está condicionada aos resultados de um modelo instrutivo. Sendo essa a razão para que se analisem as diferenças entre a educação pública e privada, dado que as escolas são instituições preparatórias para a vida.

Diante disso, sabemos que quando há o custeio de uma mensalidade, investimento em gestão, infraestrutura, material didático, recursos digitais, acompanhamento pedagógico e autonomia curricular, cria-se um espaço singular e de transformação. 

Contudo, apesar de este ser o cenário ideal para o processo de ensino-aprendizagem, ele não se concretiza (significativamente) nas escolas públicas, uma vez que elas são dependentes de entidades governamentais, em âmbito municipal, estadual e federal. 

Nesse caso, a diferença se dá não somente pelas legislações e políticas regulatórias, mas também pelas dinâmicas de financiamento e operações verticalizadas a que essas instituições são submetidas.

Além disso, quando observamos mais componentes, não é raro ouvirmos queixas sobre a ausência de uma matriz curricular sólida, diminuição de disciplinas básicas, falta de avaliação, professores com salários insuficientes e fragmentação de saberes. 

Por outro lado, no ensino privado, a distinção da estrutura administrativa e pedagógica tem beneficiado os alunos com a expansão de competências, a partir de uma formação transdisciplinar, que têm resultado em um melhor aproveitamento nos vestibulares, tal como ocorre no ENEM e na Fuvest.

Entretanto, é válido percebermos que essa discussão parte de uma narrativa maior: a crise da civilização ocidental, da democracia, da sociedade, da cultura e, claro, do conhecimento. 

Por esse motivo, as dessemelhanças dos sistemas de ensino excedem o aspecto monetário. Envolvem, também, o que está fora dos muros acadêmicos: a relação entre pais e filhos, formação familiar, moradia, renda e exposição à violência e pobreza. 

Logo, quando falamos sobre educação, lidamos — ainda que paralelamente — com suas extensões e implicações sociopolíticas e socioculturais. Assim, devido ao baixo investimento em alunos no Brasil, é nas escolas privadas que os docentes têm acesso a melhores condições de trabalho e as famílias exercem maior proximidade com as atividades letivas.

A desigualdade entre gratuidade e mensalidade é inegável. Porém, a escolha por um modelo educacional precisa, sempre, levar em consideração as especificidades e o contexto de cada indivíduo.

Por fim, cabe lembrar Rubem Alves, que dizia que devemos plantar carvalhos e não eucaliptos. Ou seja, temos que entender o que cultivamos e o que esperamos ver crescer. 

Analogia que serve para a educação, posto que, diante da atual conjuntura, necessitamos ansiar por políticas que melhorem o amparo à educação pública, bem como por medidas que, democraticamente, ampliem o acesso ao conhecimento formal. E no que tange às escolas privadas, que elas promovam, continuamente, uma educação cidadã, diversa e reflexiva.