Edgar Morin, filósofo francês, tem uma frase excelente para pensarmos na importância da diversidade no mercado de trabalho: “A unidade humana tem como tesouro a diversidade humana, e a diversidade humana tem como tesouro a unidade humana”.

Ou seja, constatarmos que somos seres heterogêneos é a maneira mais ética de ressignificarmos construções sociais que outrora foram impostas, para, assim, termos mais igualdade em processos de contração.

Porque a diferença traz autenticidade. O que significa que deixar de investir na multiplicidade humana, para se concentrar, apenas, em perfis preestabelecidos, é não estar atrelado às práticas de ESG (Environmental, Social and Governance) — tão necessárias na atualidade para caracterizar critérios ambientais, sociais e de governança —, e nem consciente de que a sociedade brasileira é fruto da miscigenação.

Sim, a aplicação desse conceito resulta em mais lucratividade e responsabilidade. Porém, esta questão extravasa o aspecto financeiro e a preocupação com a concorrência. Dado que a variedade no ambiente de trabalho não é sobre marketing, budget ou target. Todavia referente à disrupção. Posto que, a partir da quebra de consciências hegemônicas, liberdades individuais são aceitas coletivamente.

Capilarizando, cria-se a cultura do respeito, da alteridade, do ouvir e ser ouvido. Do confrontar e ser confrontado. Do aprender e ser objeto de aprendizado. O que origina o diálogo que integra narrativas distintas, focadas em criatividade, inovação e entrega de resultados. Jamais em preconceitos e estereótipos enraizados. 

A riqueza de talentos também rearranja estruturas de poder. Portanto, desigualdades estruturais tendem a ser impactadas, quando, no departamento de Recursos Humanos (RH), há o preceito de reduzir descompassos na admissão de minorias — ou melhor, de maiorias que foram minorizadas ao longo da história, como mulheres, negros (as), PCDs e a comunidade LGBTQIAP+.

Grupos que precisam estar presentes nas companhias, bem como ter igualdade de tratamento e de oportunidades. Logo, nada de tokenismo — inclusão simbólica e superficial.

Além disso, uma pesquisa da Harvard Business, publicada em 2015, revelou que organizações que investem em diversidade têm conflitos reduzidos em 50%. Fora que 17% dos funcionários ficam ainda mais estimulados a contribuir com atividades que não são as suas.

Dessa forma, quando a intolerância é direcionada para um determinado grupo, seja por questões de raça, gênero, aparência, religião, idade, ensino acadêmico ou nível socioeconômico, fecha-se a porta do desenvolvimento e da representatividade. Não há ganho, apenas exclusão.

Em síntese, a recusa da pluralidade traz, inevitavelmente, retrocessos. E, em vista disso, valorizar a unidade humana, com todas as suas faces, é o primeiro passo a ser dado por empresas que buscam crescimento e excelência.